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AMIGA COLECIONADORA

Oi! Tudo bem ?

Novidade para quem acompanha o Dona Vovó: toda quarta-feira teremos uma Amiga Colecionadora ou Amigo Colecionador, respondendo uma entrevista aqui. Uma das melhores coisas do colecionismo em geral, é ter a oportunidade de conhecer outras pessoas que têm o mesmo interesse que nós por algum objeto. A troca e o ato de compartilhar informações tornam essa atividade muito mais rica, bacana e durável. 

E para iniciar essa minha proposta, convidei uma jovem colecionadora que conheci em 2018, num grupo do Facebook (Aqui) e Instagram (Aqui). A Michele nos conta um pouco da sua história como colecionadora, apresenta algumas das suas bonecas e encanta com suas palavras. Convido você a conhecê-la também.


1. Oi, você pode se apresentar ?

Olá! Meu nome é Michele, tenho 37 anos, sou natural de Porto Alegre/RS, sou costureira e artesã.

2. Quando e porque você iniciou sua coleção de bonecas ?

Em junho de 2017 comprei a primeira boneca da minha coleção. Sempre amei bonecas e me arrependi muito de me desfazer das minhas na adolescência. Eu achei que para crescer era necessário me livrar das bonecas e convivi com essa dolorosa separação durante 23 anos. Até que me tornei tia de uma menina. A primeira coisa que pensei foi em lhe dar uma boneca antes mesmo de nascer (e para minha alegria elas são inseparáveis). Assim retomei o contato com esse universo e quando encontrei as bonecas da minha infância à venda na Internet, não resisti. Estava enfrentando muitos problemas emocionais e esse reencontro comigo mesma foi providencial. Me ajudou a suportar as adversidades sem perder a doçura.


3. Quantos bonecos você tem em sua coleção ? Qual foi o primeiro ?

Tenho 57 bonecas e 5 bichos de pelúcia. A primeira boneca da minha coleção foi igual a primeira boneca que tive na vida, a Paty, da Estrela. Presente de uma tia quando eu tinha quatro anos. Eu amava aquela boneca. Um dia, esqueci ela no quintal e o cachorro da vizinha achou, arrancou os cabelos dela e roeu um calcanhar. Minha avó mandou um restaurador arrumar e ele fez o que pôde. Desde então, passei a admirar muito esse ofício. A minha primeira Paty ficou comigo até meus treze anos, depois dei ela para outra garota, algo do que me arrependo até hoje. Quando encontrei para vender essa boneca não tive dúvidas em comprá-la. E logo em seguida comprei uma segunda.


4. Qual a boneca da sua coleção que é a mais querida ?

A minha primeira, a Paty. Mas também tem a Amiguinha, a Gui Gui e o bebê reborn que eu mesma fiz e que dá nome ao meu perfil nas redes sociais.


5. Onde e como você as guarda ?

No meu quarto, em armários exclusivos para elas.


6. Que tipo de bonecas você prefere ?

As que param em pé sozinhas, com olhos de dormir, da Estrela.


7. Você já precisou fazer algo engraçado ou curioso para conseguir alguma boneca ? 

Não para comprá-las, mas para escondê-las de gente preconceituosa, sim! Já abri mão de noites de sono para poder me dedicar a elas, sem ser criticada. Esperava todos dormirem para poder arrumá-las, vesti-las ou simplesmente admirá-las. Até que chegou um ponto que tive que mandá-las para a casa da minha mãe, o que me doeu bastante. Elas ficavam presas num armário com corrente e cadeado. Quando chegava uma nova boneca corria pra casa da minha mãe com ela e era só lá que enfim podia contemplá-la. Eu me sentia um pouco ridícula fazendo isso. Agora, felizmente não preciso mais fazer essas coisas porque tenho convivido intimamente apenas com quem me respeita e me aceita.


8. Você personaliza suas bonecas ? 

Sim, quando o visual não me agrada muito. Mas o que faço de diferente nelas é a roupa. Sempre faço roupas novas. Gosto de bonecas com vestido e calcinha. Nada de calça, nem vestido de princesa. 


9. Qual a última boneca a chegar em sua coleção ? 

Foi a Helena, um Bebezinho, da Estrela.


10. Você tem uma lista de bonecas desejadas ? Se sim, quais são ?

Sim! Quero uma Beijoca, uma Mãezinha, uma Blythe e um reborn de olhos fechados.


11. Entre as atribuições de colecionador de bonecas, qual atividade você mais gosta de fazer ? 

Organizar e fazer as roupas.


12. Além de sua atividade como colecionador, você também restaura. Qual a parte mais difícil de restaurar ? 

Tenho me aventurado em restaurar. Eu gosto tanto de vê-las ganhar novos ares! Acho o mais difícil a costura do corpo de tecido nos membros de vinil e o implante de cabelos. Ainda não me aventurei em arrumar olhos e mecanismos, mas pretendo. 


13. Você tem alguma outra coleção ? Qual ? 

Tenho uma coleção de pedras. Eu chamo isso de "Meu Mundo". Em todos os lugares onde vou, que são significativos para mim de alguma forma, recolho uma pedra. Quando amigos viajam também me trazem pedrinhas ou conchas. Elas ficam em vidros e não são catalogadas, confio apenas na minha memória, que me trai as vezes. Mas gosto assim. 



Michele
Muito obrigada por aceitar meu convite para 
essa entrevista, compartilhando, tão sincera e docemente, 
sua história e amor pelas nossas queridas bonecas.  


A Michele escreveu esse lindo poema que eu registro aqui para finalizar a postagem.

Eu tinha uma amiga
Com um rosto que era sempre amável
Uma companhia pra todas as horas
Guardava tão bem os segredos
Não cobrava atenção
Às vezes ficava esquecida
Noutras era muito solicitada
Mas topava todas as propostas
E personificava bem qualquer personagem
Nós vivemos muitas histórias
Ela me fez pensar na diversidade
Me fez enxergar o outro
Me ensinou sobre vínculo e presença
Sobre cuidado e afeto
Com ela experimentei o futuro
Ela me deu um presente tão bom
Sendo que ela mesma era o presente
Que fora à mim ofertado
Ela me fez querer voltar ao passado
E reviver aquilo que nós tínhamos
Sintonia e cumplicidade
Inocência e a vida toda pela frente
Eu já não possuo tão boas ideias
E os roteiros já não existem mais
Não lhe dou mais que um abraço
E um beijo ocasionais
Cuido dela com zelo e ardor
Mas o que busco nela agora mudou
É só a presença que acalma
Só aquele rosto amável e braços abertos
Aquela sensação do que me é familiar
É olhar nos seus olhos e me sentir em casa
É ser responsável por ela
E ao mesmo tempo me sentir protegida
Pela certeza que fui feliz um dia...


Abraço fraterno!

10 comentários:

  1. Me alegro de conocer otra coleccionista más. Me parece terrible que haya tenido que ocultar su afición por la opinión de personas que no compartían sus gustos. El poema es precioso.
    Un beso

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    1. Muchos coleccionistas se enfrentan al prejuicio, también creo terrible y espero no pasar por eso.
      Me voy a entrevistar con varios coleccionistas, quiero mucho conocer mejor a esas personas.
      Abrazo.

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  2. Hola Erika, muy interesante la entrevista de Michele, me alegro de que hoy en dia pueda disfrutar de su afición a las muñecas, veo que no siempre fue así. Estoy encantada de seguir conociendo nuevas historias y coleccionistas.
    Abrazos.

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    1. Si, Ana, me gustó tanto conocer más coleccionistas a través de su blog, que resolví traer la idea aquí. Espero que muchos acepten participar, pues estoy invitando directamente.
      Besos.

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  3. ¡Hola Érika! Ha sido un placer leer la entrevista a Michele. Es genial que, al recuperar su afición por las muñecas, algo bonito volviese a despertarse en ella; creo que es lo que hacen las muñecas en los coleccionistas. Lo que me parece horrible es que tuviese que esconder su afición... Por suerte aquella etapa ha terminado. Espero que su bonita colección siga creciendo y dándole alegrías.
    ¡Besos!

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  4. ¡Hola, Marina!
    Creo que Michele nunca más dejará de tener sus queridas muñecas cerca. ¡Ella merece ser respetada y feliz!
    Besos.

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  5. Me sinto agraciada pela oportunidade de contar minha história com as bonecas aqui no seu espaço, querida amiga Érika. Isso me fez sentir que valeu a pena não ter desistido do meu amor por elas naquela época difícil. Às vezes desconfiava que estava maluca e que jamais seria levada a sério por conta das minhas dolls. Mas agora vejo com maior clareza que há sempre quem nos ame e nos acolha pelo que somos e como somos. Obrigada por me fortalecer assim na minha caminhada. Agradeço também a todos seus seguidores que gostaram de me conhecer através do Dona Vovó. Os amo por isso.

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    1. Ô, Michele, fico feliz por ter contribuído de alguma forma pelo seu bem estar! Somos normais, minha amiga. Anormal é quem atrapalha a felicidade do outro, quem julga, quem não acrescenta amor e compaixão. Conversando e conhecendo nossos iguais, vemos que não estamos sozinhas nessa nossa paixão por bonecas.
      Beijo em seu coração.

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