12

ZEZÉ, QUEM É VOCÊ ?

Oi! Tudo bem ?

Hoje quero te encantar com uma linda boneca de pele negra e maravilhosos olhos cor de mel, a Zezé. 


Infelizmente, mais uma vez me deparei com a ausência de fonte de informações a respeito de uma boneca. Quando falo fonte de informações, me refiro a imagens de catálogos, propagandas ou até da caixa, pois é desses materiais que podemos extrair informações concretas sobre o brinquedo. Meses atrás, a Ana Caldatto (Aqui) nos trouxe algumas informações a respeito da Zezé e infelizmente nenhuma outra novidade surgiu. 



Só para mostrar como é difícil essa coleta de dados, entrei em contato com a Brinquedos Estrela, por mais de uma vez, através do Messenger e Instagram, e os funcionários que me atenderam, responderam que eles não possuem mais os catálogos de várias bonecas, inclusive da Zezé.

Então, só me resta descrever fisicamente a minha Zezé e aguardar que alguma pessoa que tenha mais dados, compartilhe com os colecionadores. Algumas dúvidas a respeito dela são ano de fabricação e nome.


Como falei, a Zezé não consta em nenhum catálogo que tive acesso, mas em seu blog, a Ana nos mostra em uma postagem que a Chuchuca, de 1982, é semelhante a Zezé. Só que a Chuchuca é uma boneca com cor de pele branca. Seria a Zezé uma Chuchuca negra ? Em toda pesquisa que fiz, só encontrei ela com o nome Zezé.

Observe no catálogo que a roupa da Chuchuca é idêntica a roupa da Zezé. Fora essa semelhança, observam-se outras igualmente importantes como tamanho, material utilizado, características físicas.


Zezé mede 42cm, sua cabeça é de Vi-vinil, mas o restante do corpo é plástico inquebrável. Seus cabelos são cacheados e enraizados. Possui olhos de dormir cor de mel lindíssimos, cílios enraizados, sobrancelhas pintadas e uma leve maquiagem nas bochechas. Ela possui choro e é articulada. Bebe água e faz xixi. Ela deveria ter uma mamadeira que a minha não tem.

Comprei a minha no Mercado Livre e ela chegou razoavelmente bem conservada, com a roupa de lã original, mas sem sapatos, mamadeira e correntinha. Os cabelos na frente tinham caído, o choro e a face ressecada. Ao pegar nela, a tampa do choro partiu, mas ainda funciona. Na face usei um verniz em spray, mas ficou muito brilhante e pegajoso, acho que exagerei. Resolvi deixá-la desse jeito para não danificar mais. Às vezes, é melhor não mexer muito. O vestido vermelho, o chapéu e os sapatinhos foram confeccionados por Lana Araújo (Aqui).

Pequenos detalhes

Linda, não é ? Olha ela de papo com Izadora, minha namoradeira de barro. ❤


E já que estou apresentando essa linda boneca que representa o povo preto, quero contar a história de uma menina aventureira criada a partir de pesquisas sobre o Oeste Africano.


OBAX

Quando o sol acorda no céu das savanas, uma luz fina se espalha sobre a vegetação escura e rasteira. O dia aquece, enquanto os homens lavram a terra e as mulheres cuidam dos afazeres domésticos e das crianças. Ao anoitecer, tudo volta a se encher de vazio, e o silêncio negro se transforma num ótimo companheiro para compartilhar histórias.

Ali morava a pequena Obax.


Para uma criança, viver numa paisagem como aquela pode ser perigoso. Mas Obax não tinha medo. Corria pela planície em busca de aventuras e depois retornava com os olhinhos brilhantes. As histórias eram muitas.

Ela já havia caçado ovos de avestruz. Conhecido elegantes girafas. Apostado corrida com antílopes e enfrentado ferozes crocodilos.

Ninguém se importava. Obax vivia muito solitária, tinha poucos amigos e inventar aquelas histórias devia ser sua melhor brincadeira.

Uma vez, Obax contou ter visto cair do céu uma chuva de flores.

- Nossa, e você se molhou ? - caçoaram as crianças.

- Onde foi isso ? - duvidaram os mais velhos.

- Calma, gente, é por isso que ela está tão cheirosa - disse a mãe, abraçando a filha.

As histórias, como contam os contadores na África, são sagradas. Mas algumas invenções de Obax eram demais. Todos riram.

Como poderiam chover flores onde pouco chove água ?

Obax, muito triste, correu pelas savanas e jurou nunca mais contar suas aventuras. Mas guardar tudo aquilo para si mesma não era bom. Então, ao tropeçar numa pequena pedra em forma de elefante, Obax teve uma grande ideia. Partiria pelo mundo afora, pois em algum lugar ela haveria de encontrar novamente uma chuva de flores. Sabendo onde, como e quando, ela poderia provar a todos que sua história era verdadeira.

Claro, o trajeto seria lento, difícil e tortuoso se ela não tivesse pedido ajuda a seu grande amigo, Nafisa, um elefante que havia se perdido da manada e vivia sozinho pelas savanas.


Nafisa se abaixou e Obax subiu em suas costas para uma longa aventura.

Seguiram por estradas de areia que pareciam não ter fim, subiram e desceram montanhas, atravessaram a nado rios e mares. Conheceram também grandes aldeias e cidades.

Obax e Nafisa viram chuva de água, chuva de pedras, chuva de estrelas, chuva de folhas quando o vento estava agitado; e nos lugares mais frios, viram chuva de flocos de algodão. Quando perceberam, eles haviam dado a volta ao mundo e estavam novamente no ponto de partida: a savana. Mas não encontraram sequer uma chuva de flores.

Era madrugada quando regressaram à aldeia. Em casa, os mais velhos estavam aflitos com o sumiço de Obax. Mas se fartaram de alegria ao vê-la entrar e contar as novidades. A menina tagarelava sem parar:

- Você deu a volta ao mundo nas costas de um elefante ? - duvidaram os mais velhos.

- E ele veio com você ? - debocharam as crianças.

- Essa menina conta cada história! - brincou a mãe, ajeitando os birotes em sua cabeça.

Porém, desta vez, Obax não se entristeceu. Nem poderia, Nafisa provaria tudo.

- Vamos lá fora - disse ela.

Ao saírem da cabana, não viram nada. Nem perto, nem longe. Nem mesmo uma pegada se espalhava pela areia. Só havia no chão uma pequena pedra em forma de elefante.

- Você é mesmo boa de histórias - disse um menino -, nós quase acreditamos.

Obax ficou furiosa e com tanta raiva, que enterrou a pedra no chão para que ninguém nunca mais zombasse de suas aventuras.

Na manhã seguinte, um bater de asas chamou a atenção de todos. Milhares de pássaros riscavam o céu das savanas.

No lugar onde Obax havia enterrado a pedra, havia nascido um imenso baobá. Mas não era um baobá como os outros, era grosso e forte como um elefante. Seu tronco enrugado parecia estar desenhado com pequenos detalhes. Sua copa estava repleta de flores coloridas e pássaros nunca vistos por ali.


Ninguém acreditava no que os olhos viam. Quando a pequena Obax se aproximou da árvore, os pássaros bateram asas numa agitação tão forte que as flores começaram a cair, enchendo os olhos da menina do mais puro brilho.

Era uma chuva de flores que forrou a aldeia com um tapete de pétalas perfumadas.


Depois daquele dia, todos passaram a prestar atenção nas histórias de Obax. Ela cresceu forte como o baobá, e na sua chuva de lembranças estava Nafisa, seu grande amigo. Hoje, quem se encosta no tronco dessa árvore sagrada procurando repouso é capaz até de sonhar com suas aventuras.

Quem escreveu essa história foi André Neves, recifense que
dedica-se à arte de escrever e ilustrar livros para a infância.



Obax significa "flor" e Nafisa, "pedra preciosa". 
Adorei!!! ❤😃


Kandandu para você, o abraço fraterno angolano.



12 comentários:

  1. ¡Hola Erika! Zezé es una muñeca preciosa y es una pena que no puedas encontrar más información sobre ella. Es algo que da bastante rabia, te lo digo por experiencia... Y lo que me parece increíble es que la propia fabricante no guarde, como mínimo, una copia de todos sus catálogos.
    Y qué bonita es la historia de Obax. Además, las ilustraciones son preciosas.
    ¡Besos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Me alegro de haber comprendido el valor de Zezé, ella realmente es preciosa. En el futuro no tendremos mucha información de muchos juguetes, por lo que los coleccionistas deben registrar y compartir todo lo que sabe y descubre.
      ¡Obax es otro tesoro !! Me encanta esta historia.
      Besos!

      Excluir
  2. Zeze es muy bonita,me gusta mucho con su traje original. Yo no la conocía así que no te puedo dar información sobre ella.
    Sí quieres ver una lluvia de flores busca información sobre la “ batalla de flores" en Valencia ( España),el último fin de semana de julio, desde unas carrozas que recorren las calles lanzan flores a las personas que están viendo el recorrido de las carrozas.
    Un beso

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. ¿Batalla de flores en Valencia? ¡¡Debe ser lindo!! Voy a investigar sí, me quedé curiosa.
      Estoy de acuerdo contigo, Zezé se vuelve más bonita con la ropa original.
      Besos.

      Excluir
  3. Hola Érika, curioso nombre Zezé, muy bonita. Y el conjunto con los zapatitos de lazo me ha encantado.
    Además de la batalla de las flores que te comenta Maribel también hay en otros lugares de España, entre ellos en mi tierra, Murcia. Hacen un desfile con carrozas adornadas totalmente con flores y además de tirar flores durante el recorrido al finalizar regalan todas las que adornan.
    Un beso.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. ¡Hola, Maramini!
      Como es interesante esta costumbre de arrojar flores, me gustaría ver.
      ¿Será que su nombre es Zezé mismo? No estoy seguro.
      Besos para ti.

      Excluir
  4. Qué hermosa niña negrita! Las muñecas negritas tienen un encanto especial para mí, y los bebés me encantan. Me alegro de que la hayas conseguido a pesar de que no tengas más datos de ella.
    Las historias de baobas siempre me han llamado mucho la atención...
    Besossss

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Aquí en mi ciudad hay algunos baobás, son hermosos y llaman mucho la atención.
      Continúa buscando información sobre Zezé. Me gusta conocer detalles sobre ellas.
      Besos.

      Excluir
  5. Hola Erika, una muñeca brasileña muy bonita con rasgos muy reales... me gusta 😍

    ResponderExcluir
  6. Parabens Erica !! perfeito a sua publicação !!vou procurar nos meus catalagos alguma coisa sobre a Zeze,se eu achar te aviso...um beijo !! Parabens !!eu amei a historia que vc contou !! a nossa Culturaprecisa muito de voce !!bjsss


    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, Terezinha! Como seria bom se você encontrasse algo sobre ela! Vou torcer por isso.
      Abraço.

      Excluir